Iave aceita sugestão da Associação de Professores de Português sobre quais as respostas válidas para questão sobre Os Lusíadas.
O Instituto de Avaliação Educativa (Iave) está a informar os professores classificadores que devem aceitar como certa uma resposta do exame de Português do 9.º ano, que não está prevista nos critérios de classificação divulgados quinta-feira, dia em que se realizou esta prova, confirmaram ao PÚBLICO docentes a quem a informação já foi transmitida.
Em causa está uma questão relativa aos Lusíadas em que se pedia aos alunos que identificassem qual o “plano de ação” em que se inseriam as estrofes selecionadas para a prova e que integram o episódio Despedidas em Belém. Conforme o PÚBLICO noticiou nesta terça-feira, nos critérios iniciais refere-se que a resposta a esta questão (4.1) é a de que fazem parte do plano da Viagem.
Na sequência de alertas de alguns dos seus sócios, a Associação de Professores de Português (APP) enviou na sexta-feira uma comunicação ao Iave, recordando que uma das obras de referência sobre a estrutura dos Lusíadas, de Jorge de Sena, inclui as estrofes selecionadas no plano da História de Portugal, sugerindo por isso que esta resposta também fosse considerada válida.
O que foi acatado pelo Iave, segundo está a ser transmitido aos professores que têm levantado dúvidas sobre a classificação deste item. A dupla resposta deverá agora ser também incluída nos critérios finais de classificação.
No seu alerta ao Iave, a APP sugeria ainda que os alunos não sejam penalizados no caso de não terem respondido à parte relativa aos planos de ação, uma vez que esta abordagem faz parte “de um conteúdo não contemplado pelo programa em vigor, nem pelo documento Metas Curriculares para o Ensino Básico”. Esta mesma pergunta também constava do exame da 1.ª fase, realizado em Junho.
A análise dos planos narrativos da obra de Camões consta dos manuais escolares, mas há professores que não a abordam nas aulas por não estar contemplada no programa. A este respeito, a APP lembrou ao Iave que “os manuais escolares não devem ou podem sobrepor-se a documentos oficiais”.
O Iave escusou-se a informar se aceita ou não a sugestão da APP. O instituto responsável pela elaboração dos exames e pela sua classificação fez saber que “a discussão sobre os programas e a sua interpretação é matéria técnica que o Iave não quer promover na praça pública” e que por isso “considera que nada mais há a esclarecer”.