Embora não seja um fenómeno recente, o bullying tem sido amplamente divulgado pelos meios de comunicação social nos últimos tempos, alertando pais, professores e crianças para a violência física e psicológica a que muitos alunos são sujeitos diariamente dentro do recinto escolar.
O que é?
Resumidamente, o bullying é quando uma ou mais pessoas tenta manter sistematicamente o poder sobre outra pessoa, fazendo ou dizendo coisas que a magoem. No caso das crianças, o bullying pode manifestar-se de várias formas: intimidação e agressividade contínua, chamar nomes, exclui-las das atividades, dizer ou escrever coisas desagradáveis sobre a mesma, insultá-las, deixar de falar para elas, ameaçá-las, ridicularizá-las, fazê-las sentirem-se desconfortáveis, assustá-las ou meter-lhes medo, levar ou danificar os seus bens pessoais, obrigá-las a fazerem algo que não querem, bater-lhes.
Porquê o bullying?
Quem pratica bullying fá-lo pelos mais variados motivos: quer ser popular, quer parecer “durão”, quer ser a pessoa que manda, gosta de ser o centro das atenções, gosta que as outras crianças tenham medo dele(a), tem ciúmes da criança que está a atacar, quer alguma coisa que essa criança tem. As crianças que praticam bullying são normalmente altas, fortes, bonitas, impulsivas, dominadoras, intolerantes e emocionalmente mais frias. As vítimas de bullying podem ser qualquer criança, mas na maioria dos casos é porque essa criança é, de alguma forma, diferente: estatura pequena/frágil, timidez, cor de pele diferente, peso a mais ou a menos, existência de alguma deficiência, uso de óculos, vestuário diferente, por causa do seu nome ou devido à forma como fala. No fundo, para um bully qualquer criança serve para incomodar, mas principalmente aquelas que parecem não saber ou poder defender-se.
Sinais de alerta
Por norma, uma criança que é vítima de bullying é ainda ameaçada a manter-se em silêncio para não sofrer mais “consequências”. Existem, por isso, vários sinais de alerta aos quais os pais podem e devem estar atentos:
- Medo de ir para a escola
- Recusa a ida para a escola
- Choro frequente
- Isola-se no quarto
- Sintomas físicos como náuseas, vómitos, dores de cabeça (consequência do estado de ansiedade em que a criança se encontra)
- Sintomas psicológicos como angústia, nervos, tristeza, depressão
- Baixa autoestima
- Pesadelos e/ou insónias frequentes
- Ataques de fúria repentinos
- Maior violência em casa com os irmãos
- Diminuição de apetite, mudança nos hábitos alimentares
- Lesões inexplicadas
- Roupa rasgada/estragada sem explicação
- Bens pessoais danificados ou “perdidos”
- Dinheiro que “desaparece”
- Rendimento escolar começa a baixar de forma inexplicada
O que fazer?
No que toca ao bullying nas crianças, a atenção e a prevenção são palavras de ordem. Para além de estarem atentos aos sinais que podem denunciar a existência de bullying, os pais devem comunicar de forma aberta e contínua com as crianças que, em situação de bullying podem remeter-se ao silêncio por medo de represálias, por vergonha de contar aos pais, por acreditarem que a culpa é, de alguma forma, sua. Enquanto pais, é importante:
- Estar presente e saber exatamente tudo o que se passa na escola (bom e mau)
- Dar conforto e apoio a uma criança que confessa estar a ser vítima de bullying
- Congratular a criança por ter tido a coragem de falar sobre o assunto
- Falar com a criança sobre alguma experiência sua do género e como é que a ultrapassou
- Promover a autoestima da criança
- Evitar proteger a criança demasiado (pode levar a mais atos de bullying)
- Não incentivar vinganças, nem a violência física de retaliação
- Ensinar a criança a voltar as costas e a afastar-se de uma situação de bullying
- Motivar a criança a criar e manter o seu próprio grupo de amigos, evitando o isolamento
- Pedir à criança para andar sempre acompanhada (nos corredores, nos intervalos, quando for à casa de banho ou almoçar)
- Se a criança leva para a escola objetos que os bullys querem (telemóvel, MP3…), então deve passar a deixá-los em casa
- Fomentar uma relação de proximidade com os professores e a escola
- Denunciar os casos de bullying junto da escola
- Falar com os pais das crianças que praticaram o bullying, de preferência com a mediação da escola
- Se pensar que a criança corre perigo, comunicar o caso às autoridades oficiais